Livros e demais elementos para compor o universo

  • Copacabana Palace - um hotel e sua história (Ricardo Boechat)

Pesquisar este blog

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Hall da Fama da Hotelaria 1 - Copacabana Palace


Quando começamos a escrever surgem muitas ideias de possíveis temas. Mas decidi que não poderia inaugurar o blog com um hotel que não fosse O HOTEL. Existem vários no mundo, e, certamente, todos farão sua aparição por aqui em algum momento. Para a estreia, contudo, gostaria de falar daquele que, na minha opinião, é O HOTEL do Brasil. Claro que estou falando do Copacabana Palace, o Copa, para os íntimos (não que eu seja íntima, mas irei chamá-lo assim!).


Antes de falar do Copa propriamente, gostaria de contar uma história. No meu primeiro ano de faculdade (Turismo na UFPR), trabalhei em uma feira internacional de turismo em Geneva (obrigada, Bernardo!). Lá estava eu, vendendo o destino turístico Brasil, quando chega um francês, do alto de sua típica arrogância (estereótipos não são legais, mas convenhamos que essa generalização é bem plausível!) e comenta que não consegue vender Brasil porque não temos hotéis cinco estrelas! Oras, quem ele pensa que é? – pensei eu.


No auge da minha vontade de mudar o mundo através da atividade turística, comecei uma discussão altamente improdutiva e emocionada. Nomeei alguns exemplos, que ainda não cabe declarar aqui. Saí de lá convencida da falta de conhecimento do sujeito e voltei espalhando para todos tamanha ignorância.


Ah! Santa inexperiência! Com o passar dos anos, inclusive tendo trabalhado em supostos hotéis cinco estrelas, conclui que ele tinha razão. Ou quase. (Aha!) Nós temos, efetivamente, bem poucos hotéis cinco estrelas. Temos alguns representantes que podem ser enquadrados na categoria wannabe e um único que pode ser enquadrado no Hall da Fama da Hotelaria Mundial (como o Plaza Athénée, o Ritz, Hôtel de Crillon, The Oriental, Alvear, entre outros). Sim, estamos falando do Copa!


Impossível não ter ouvido falar do Copacabana Palace ou não reconhecer a sua fachada imponente na não mais tão charmosa praia de Copacabana (nem que seja pela Globo, durante a transmissão dos eventos de comemoração do Réveillon). Entretanto, impossível mesmo é conhecer o Copa e sua história em sua totalidade. Esse hotel quase centenário é um baú do tesouro, um grande universo na hotelaria nacional.


Inaugurado em 1923, o Copacabana Palace sempre foi palco de grandes acontecimentos da vida social e cultural do Rio de Janeiro e do país. Originalmente de propriedade da família Guinle e atualmente integrante do grupo Orient Express, o Copa hospedou e hospeda diversas personalidades e celebridades mundiais. Quando caminhamos por suas áreas sociais, elegantes e bem decoradas, sentimos sua história. Apenas para dar uma ideia, cito uma breve lista de hóspedes e visitantes ilustres: Albert Einstein, Santos Dumont, Marlene Dietrich, Nat King Cole, Carmen Miranda, Juscelino Kubitschek, Orson Welles, Walt Disney, Ava Gardner, Ginger Rogers, Rita Hayworth, Brigitte Bardot, Janis Joplin, príncipes, princesas, reis, rainhas – enfim, uma quantidade imensa de grandes nomes que contribuíram com seu brilho pessoal para formar o brilho deste universo hotel.


O Copa promoveu grandes acontecimentos culturais em seu famoso Golden Room e também em seus demais salões. Presenciou conspirações políticas, jogos de azar, romances e escândalos. Para aqueles leitores mais interessados e ávidos, recomendo o belíssimo livro escrito pelo jornalista Ricardo Boechat (aquele que nos irrita diariamente na Band News), com fotos de Sérgio Pagano. O livro chama-se Copacabana Palace – um hotel e sua história. Ganhei esse livro da minha grande amiga, Fabiana Ourique, que tem o privilégio de trabalhar no Copa graças ao seu enorme talento e que me recebeu com muito carinho quando tive a oportunidade de lá me hospedar.


Foi nessa visita que pude constatar que o Copa é realmente um hotel cinco estrelas do Hall da Fama! Fiquei absolutamente encantada desde a entrada, quando você é recepcionada pelo capitão-porteiro lhe chamando pelo nome, logo é atendida pela guest relations que te acompanha até o quarto, fazendo as honras da casa. O mais impressionante é que todos os funcionários com que cruzei sabiam meu nome, e melhor, usavam essa informação com propriedade para que eu me sentisse única e especial.


Parece simples, meus caros, mas somente aqueles que já tentaram treinar suas equipes para executar tal tarefa sabem da dificuldade. Portanto, fica aqui minha menção honrosa para o Copa e sua extraordinária equipe!


Imediatamente liguei meu radar/olhar de virginiana hoteleira e comecei a procurar aqueles problemas elementares de manutenção que encontramos em quase todos os hotéis. Surpreendentemente, não encontrei nada significativo. As portas não rangem, as cortinas e vidros estavam limpos, os carpetes não tinham manchas, o lençol estava impecável e sem cabelos alheios e tudo cheirava bem! Parece básico para um hotel, mas, infelizmente, não é! Somente nos verdadeiros cinco estrelas é que tudo isso acontece! A estrutura do Copa é impressionante: suas escadarias, seus corredores, seus elevadores, seus quadros e pinturas, sua famosa piscina, a decoração de seus quartos - tudo é absolutamente cuidado e de uma beleza clássica que é perfeita para o ambiente.


Quanto à gastronomia, não há o que comentar – basta dizer Cipriani e dá água na boca. O bar da piscina é charmoso, leve e agradável (foi ali que eu fique plantada esperando cruzar com o Dave Matthews – razão da minha visita ao Rio e vício número dois), mas o vencedor é mesmo o café da manhã. A variedade e qualidade dos itens é impressionante, mas o prazer de tomar café com louça adequada de prata e porcelana não tem preço (é, na verdade tem, mas vale a pena!).


Mas afinal, o que faz um hotel cinco estrelas ser cinco estrelas? Tradição e história? Luxo e sofisticação? Quantidade e qualidade de funcionários? Atendimento personalizado? Estrutura confortável e requintada? Alta gastronomia? Certamente que sim. Tudo isso. Mas há um ingrediente especial que é a alma! Um hotel cinco estrelas do Hall da Fama oferece tudo isso com eficácia e excelência, mas com alma e emoção, proporcionando a seus clientes a vivência de experiências marcantes e únicas.


Octavio Guinle, fundador do Copabacana Palace, certa vez disse: “Não estou erguendo um hotel de ocasião, e sim um monumento do qual me orgulharei para sempre”.


Descanse em paz, sr. Guinle. Sua missão foi cumprida.

4 comentários:

  1. texto muito bom.
    colunistas que se cuidem!

    ResponderExcluir
  2. Oi Carol, adorei seu blog! Pode ter certeza q sempre estarei aqui lendo seus comentarios!!! Otima resulocao para 2010!!!

    Beijinhos gelados de Montreal!
    Adri

    ResponderExcluir
  3. parabéns pela iniciativa!!! quem te conhece sabe que aqui esta mais um excelente blog brasileiro.
    quanto a agua na boca de ouvir falar em cipriani... acho que ela diminui um pouquinho vendo o francesco trabalhando com rabeta e o que ele faz com ela. (rs) brincadeira, ele é fantástico e o cipriani deve ser também.
    quando começar a aceitar sugestões já tem uma, o grande hotel aguas de são pedro, achei maravilhoso. bjo professora. sucesso comm o blog. zeca

    ResponderExcluir
  4. Carol,
    Foi uma honra para nós recebê-la e ler este artigo tão bem escrito fez eu ser ainda mais sua fã. Parabéns pela iniciativa e pela sua dedicação por este universo tão apaixonante da hotelaria.
    Beijos e abraços do coração!

    ResponderExcluir

Sua opinião é muito bem-vinda!

Seguidores

Quem sou eu

Minha foto
Hoteleira de profissão e por paixão, especialista em gestão estratégica e gestão do conhecimento. Proprietária da Mapie Especialistas Estratégicos em Serviços, sócia da Hamburgueria do Vicente e professora da Universidade Positivo. Atuo em hotelaria há mais de 10 anos com muito prazer!